Danísia Francisco Miranda veio ao mundo a 9 de Junho de 2017, no Hospital Geral dos Cajueiros. Porém, a sua chegada foi marcada por uma batalha invisível. Aos seis meses de idade, foi diagnosticada com anemia falciforme, uma condição que mudou completamente a sua vida e a da sua mãe, Sandra Capela.
A história da anemia falciforme remonta a 1910, quando o médico americano James B. Herrick descreveu pela primeira vez os glóbulos vermelhos falciformes em um paciente de ascendência africana. Desde então, a compreensão da doença progrediu, mas ainda enfrenta desafios significativos em termos de tratamento e conscientização.
Globalmente, estima-se que mais de 100 milhões de pessoas tenham anemia falciforme, com a maioria dos casos concentrados na África Subsaariana, Índia, Mediterrâneo Oriental e partes da América do Sul. Em muitos países africanos, como Angola, a doença é um grande desafio de saúde pública. Estima-se que cerca de 10% da população angolana seja portadora do gene da doença e cerca de 1% das crianças nascidas tenha a forma grave da doença.
Desde o diagnóstico, Danísia enfrentou dores constantes, inflamações e febres recorrentes. Sandra, a mãe corajosa, teve que aprender a navegar por um mundo de hospitais e consultas médicas, onde cada dia era uma luta pela sobrevivência. A vida de Sandra mudou drasticamente. Os seus dias tornaram-se uma rotina de cuidados intensivos, com internações frequentes e noites sem dormir, tudo em nome do amor pela sua pequena guerreira. Mas, mesmo com toda a dedicação, o destino reservava-lhe mais desafios.
O Drama da Perda de Emprego
Em meio ao caos da doença da filha, Sandra ainda teve que enfrentar o peso da perda do emprego. Os ex-patrões, sem compaixão ou entendimento, não foram capazes de enxergar além das faltas no trabalho. E, assim, Sandra viu-se desamparada, lutando para equilibrar as despesas do lar enquanto acompanhava Danísia nas batalhas pela vida.
Cada perda de emprego era como uma faca afiada cortando ainda mais fundo na sua alma. Mas Sandra não se deixou abater. Ela sabia que a sua força, a razão para continuar a lutar, estava na pequena Danísia, que enfrentava as suas próprias batalhas com um sorriso no rosto.
Formação Adiada, Sonhos Adiados
Enquanto Danísia lutava pela vida, Sandra também lutava pelos seus próprios sonhos adiados. Ela terminou o ensino médio durante a gestação tumultuosa, sonhando em prosseguir e formar-se no Ensino Superior em Sociologia.
No entanto, os obstáculos pareciam insuperáveis. A situação económica precária e os cuidados exigidos por Danísia colocavam barreiras no seu caminho. O medo assombrava-a, dividindo-a entre perseguir seus próprios objetivos e dedicar-se inteiramente aos cuidados da filha. Entregando o seu destino às mãos de Deus, Sandra encontrou força na sua pequena lutadora. Danísia, com a sua coragem e alegria contagiantes, era a luz que iluminava os dias sombrios da sua mãe. Juntas, mãe e filha desafiaram-se a não desistir, pois o amor verdadeiro vence todas as batalhas.
