Dia Mundial da Radiologia: Histórias de Vida e Desafios na Profissão

Eu não escolhi a radiologia, foi ela que me escolheu. É desta forma que Sérgio Zua, técnico de Radiologia do Hospital Geral dos Cajueiros, mostra a paixão que nutre pela profissão, no dia dedicado a ela.

Neste 8 de Novembro, o Dia Mundial da Radiologia não é apenas uma data para comemorar os avanços da tecnologia e das técnicas de diagnóstico por imagem, mas também para homenagear aqueles que dedicam as suas vidas a uma profissão que muitas vezes permanece nas sombras, mas que é crucial para salvar vidas: os radiologistas e técnicos de radiologia. Entre eles, Sérgio Zua, técnico de radiologia e Chefe do Sector de Diagnóstico e Tratamento do Hospital Geral dos Cajueiros, que se destaca não apenas pela experiência, mas pela paixão que tem pela profissão.

Zua, com mais de 27 anos de trajectória, partilhou a sua história, marcada por desafios e conquistas. Para ele, o Dia Mundial da Radiologia não é apenas uma data para celebrar os avanços da profissão, mas também um momento de reflexão sobre as dificuldades que ainda enfrentam no dia-a-dia. “Este dia representa a minha vida. E sou grato por isso. Tudo o que sou e tenho foi graças à radiologia”, diz Zua, com emoção, ao relembrar o impacto da profissão na sua trajectória pessoal.

Angolano, Zua iniciou a carreira ainda jovem, por uma forte atracção, quando a profissão começava a ganhar relevância no país. Desde 1998, quando o Hospital Geral dos Cajueiros foi inaugurado, Zua tem-se dedicado ao trabalho com imagens médicas, ajudando a diagnosticar e tratar uma infinidade de doenças. “A nossa função é fundamental para o diagnóstico. A radiologia é o olhar clínico que complementa o exame físico do médico”, explica o técnico que lidera uma equipa fundamental na detecção precoce de doenças graves, como a tuberculose.

Apesar de ser uma profissão essencial para a medicina, Zua revela que os profissionais de radiologia enfrentam uma série de desafios diários. “A radiologia não é só técnica, ela também é humana”, destaca.

“Infelizmente, a média de idade dos nossos profissionais já está na faixa dos 50 anos. Muitos não conseguem mais trabalhar à noite devido aos impactos da profissão”, lamenta, realçando que esse cenário tem gerado uma pressão cada vez maior sobre a equipa, que, além de já ser reduzida, ainda enfrenta a escassez de novos técnicos qualificados.

“A nossa equipa, embora muito dedicada, ainda é insuficiente para dar conta da demanda”, afirma Zua. Nesse contexto, estagiários e voluntários têm desempenhado um papel importante, mas não podem substituir a necessidade de um quadro de profissionais fixos e bem remunerados. “Eles são fundamentais, mas não podem ocupar o lugar de um técnico experiente”.

O técnico também ressalta a importância de transmitir o seu entusiasmo às novas gerações de profissionais. “Eu sou grato por essa profissão e quero passar essa gratidão e entusiasmo para os mais jovens que estão a entrar na área. A radiologia é mais do que uma profissão, é uma missão, uma forma de contribuir para a vida das pessoas”, concluiu.

Além de reconhecer as conquistas da radiologia, é essencial que a sociedade e os gestores de saúde compreendam os desafios enfrentados por esses profissionais e se empenhem em melhorar as condições de trabalho, garantir a segurança dos técnicos e disponibilizar as tecnologias mais avançadas. Só assim será possível garantir que a radiologia continue a desempenhar o seu papel essencial na saúde pública, com eficiência, qualidade e dignidade.

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